Convidados discutem novos modelos de distribuição na mesa “Pensando fora da caixa: como encontrar sua audiência”, no Festival 3i Nordes. Foto: Morgana Narjara dos Anjos
Em contribuição para o Foca no 3i, o estudante Emerson Saboia resume as principais dicas dos convidados da mesa sobre distribuição no Festival 3i Nordeste
nov 25, 2022
Por Emerson Saboia, da Universidade Católica de Pernambuco
De acordo com o Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, pesquisa em parceria com a Universidade de Oxford, 54% dos brasileiros não consomem o noticiário, enquanto os jovens dizem evitar as notícias por serem “difíceis de acompanhar”. Foi com esses dados que Nayara Felizardo, repórter investigativa do The Intercept Brasil e cofundadora da newsletter Cajueira, iniciou a mediação da mesa “Pensando fora da caixa: como encontrar sua audiência”, na edição Nordeste do Festival 3i. O evento aconteceu na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) durante o último sábado (19).
A mesa recebeu Natali Carvalho, redatora da newsletter Garimpo no Núcleo Jornalismo; Mariama Correia, cofundadora da newsletter Cajueira; Raphael Kapa, coordenador de produtos na Lupa e Thiago Guimarães, criador de conteúdo no canal OraThiago e colaborador no Aos Fatos. Os cinco participantes debateram as possibilidades que o digital oferece ao jornalismo, em contraponto aos desafios que a chamada “era da informação” impõe aos comunicadores. A conversa gerou uma série de conjecturas sobre audiência e produção de conteúdo jornalístico na região Nordeste.
Mariama começou a discussão com um questionamento justamente voltado para o cenário regional: “Quando é que o Nordeste entra na pauta? Quando tem seca, quando tem fome, quando tem carnaval… é assim que é mostrado”. A jornalista do Cajueira ainda completou, “As pautas que acontecem no nordeste geralmente são vistas como pautas regionais”. Correia também é repórter e editora na Agência Pública, cobrindo pautas nordestinas, e defendeu que os assuntos da região têm relevância nacional. Segundo ela, “O Cajueira nasceu dessa potência que o jornalismo do nordeste tem”. A newsletter faz curadoria de conteúdos produzidos pelo jornalismo independente nos estados do NE.
Em seguida, a jornalista Natali Carvalho falou em nome de outra newsletter: a Garimpo. A iniciativa une assuntos que estão bombando na internet, política, a linguagem rápida da geração e humor. “A gente teve que ver um formato de contar política que não fosse no formato engessado da redação”, explicou Natali. A redatora do Núcleo Jornalismo também disse que o processo de produção da Garimpo envolve “dois jeitos de a gente cortar histórias: os assuntos que já estão em alta na internet e os que ainda as pessoas não estão acompanhado”.
Representando a perspectiva sudestina, o jornalista e professor universitário Raphael Kapa explicou sobre seu trabalho na Agência Lupa, combatendo fake news. O veículo começou a experimentar outros canais de informação, como o TikTok e, depois de uma série de tentativas, encontrou um formato que vem retornando engajamento para a Lupa. “A gente começou a ver que somos muito pautados nas redes sociais pela verificação”, justificou Raphael quando perguntado sobre o porquê da preocupação em estar presente nas redes sociais.
Por último, Thiago Guimarães dividiu com o público na Unicap suas experiências na produção de conteúdo para a internet. Ele produziu uma série de vídeos em parceria com o Aos Fatos durante as eleições de 2022. “A desinformação não é orgânica. Tem gente por trás querendo contar uma história”, explica o criador de conteúdo. Guimarães era o único convidado da mesa que não é jornalista e, sob a perspectiva de um profissional que trabalha exclusivamente nas redes, defendeu: “A intertextualidade é uma coisa muito importante para a audiência, para prender as pessoas”.
Assista à mesa na íntegra:
*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i Nordeste entre a Ajor e a Unicap (Universidade Católica de Pernambuco).