Workshop do evento reuniu líderes de pequenos empreendimentos jornalísticos para repensar as relações de trabalho
Por Tainah Ramos
A programação do Festival 3i, que aconteceu entre os dias 5 e 7 de maio, na Casa da Glória, no Rio de Janeiro, também contou com uma oficina pensada para organizações com poucos colaboradores e sem um profissional de recursos humanos.
Com objetivo de mostrar ferramentas que ajudam a criar um ambiente saudável, manter os profissionais engajados e garantir equilíbrio emocional no espaço de trabalho, o workshop “Gestão de pessoas para pequenas redações” foi ministrado pela jornalista Amanda Rahra, cofundadora do Laboratório e Escola de Jornalismo da Énois. Hoje ela atua na área de cuidado e gestão de pessoas e projetos da organização, além de integrar o Aura Fellowship, um programa de apoio internacional para mulheres ativistas.
Em círculo, os participantes, em sua maioria gestores de redações de diversos lugares do país, se apresentaram e compartilharam os principais desafios de suas organizações. Conheça as principais dicas para lideranças compartilhadas por Rahra:
Não seja workaholic
Rahra explicou, por exemplo, que mensagens no meio da madrugada, mesmo que não sejam a intenção, causam ansiedade nos colaboradores. A postura de um chefe workaholic gera uma cobrança excessiva para a equipe.
Faça o lide sobre a organização
As seis perguntas que direcionam o “lide” de um texto jornalístico – o quê, quem, onde, como, quando e por que – podem ser utilizadas também para guiar as ações de uma organização, otimizar o trabalho e dar sentido às tarefas.
Conheça a si mesmo e a equipe
O autoconhecimento é a chave para um gestor de um projeto pequeno. Ninguém conhece melhor o objetivo e a missão de uma organização do que quem a idealizou. Por isso, Rahra explica que é necessário refletir sobre seu próprio papel e escutar as angústias da equipe. A questão “O que une essas pessoas aqui?” é essencial. Nesse espaço, cabe a promoção de encontros que não tratem somente de trabalho.
Forme pessoas para liderança
Após trazer um sonho para o coletivo, pode chegar o momento em que uma liderança não queira mais estar à frente do projeto. Para que o projeto não morra, é necessário despersonalizá-lo, deixando outras pessoas aptas para dar continuidade a ele.
Crie uma horizontalidade financeira
Um exemplo trazido por Rahra sobre a Énois é a questão dos salários. Eles são abertos para toda a equipe. Na organização, o salário mais alto não pode ser quatro vezes maior que o mais baixo. Além disso, durante a pandemia foi criado o “Auxílio Emergencial da Énois”, em que foram usados critérios caso a caso – o apoio financeiro a uma pessoa com filhos não poderia ser menor ou igual ao que para uma pessoa sem dependentes.