Por Luiza Quintanilha, Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA)
O financiamento do jornalismo foi um dos focos da quarta edição nacional do Festival 3i, que aconteceu entre os dias 5 e 7 de maio, na Casa da Glória, no Rio de Janeiro. No último dia de evento, a mesa “Quando o público sustenta o jornalismo” abordou a sustentabilidade financeira a partir das doações feitas pelos leitores por meio de um programa de membros.
Mediada pela editora de relacionamento da Ponte Jornalismo, Jéssica Santos, a sessão teve a participação de Marianna Araujo (Instituto Fogo Cruzado), Lilian Ferreira (UOL) e Esther Alonso (El Diario).
Jornalista e diretora de comunicação e inovação do Instituto Fogo Cruzado, Marianna Araujo contou também sobre sua vivência no The Intercept Brasil, que teve um grande crescimento de sua comunidade após as reportagens da “Vaza Jato”, como ficou conhecido o vazamento de conversas entre o então juiz Sergio Moro, o promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato.
Para ela, é fundamental ter uma identidade quanto à linguagem utilizada. “O usuário precisa se identificar, entender que aquele texto é uma conversa entre você e ele, através de uma linguagem emocional”. O modelo de membership, muito comum nos Estados Unidos, ainda cresce gradualmente no Brasil. “Para conseguir doações para o seu veículo, você e sua redação inteira devem estar preparadas”, afirmou Marianna.
Já Lilian Ferreira, jornalista e gerente geral de estratégia e dados de conteúdo do UOL, acredita que a profissão tem potencial de mudar o mundo, por isso é necessário entender como o conteúdo deve ser disseminado nas redes sociais. Diante do volume de desinformação nas plataformas, ela aponta que “reconquistar um público para que ele nos valorize é um desafio”. Nesse sentido, a jornalista Jéssica Santos lembrou a importância de ser transparente com seus leitores na hora de se comunicar.
Diretora de marketing do El Diario, da Espanha, Esther Alonso explicou os desafios de manter um veículo de relevância com pouco capital, “apostamos em um nome e em um design não provocador, pouco atrativo para que o único foco de atenção fosse o conteúdo”.
Ao fim da conversa, as convidadas concordaram que uma das melhores estratégias para essa construção é estudar a audiência e escutar o que o público tem a dizer. Marianna, inclusive, apresentou uma pesquisa que mostra que os brasileiros esperam posicionamento do jornalismo nas redes sociais, e buscam uma relação próxima com os profissionais de imprensa.