Da esquerda para direita: Thais Siqueira (Desenrola e Não Me Enrola), Jordy Melendez (Factual), Ale Higareda (Malvestida) e Vinícius Martins (Alma Preta) participaram de mesa do Festival 3i. Foto: Any Duarte, @aquelaany.
Por Kacieny Monteiro, Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA)
O último dia do Festival 3i 2023 começou com a mesa “Como lançar uma iniciativa jornalística e os desafios enfrentados no caminho”. Com mediação de Thais Siqueira (Desenrola e Não Me Enrola), a mesa recebeu Vinícius Martins (Alma Preta), Ale Higareda (Malvestida) e Jordy Melendez (Factual), que contaram suas experiências no gerenciamento de iniciativas jornalísticas.
Thais Siqueira é jornalista, articuladora e cofundadora e coordenadora de produção multimídia no Desenrola, organização de jornalismo periférico que cria espaços de reflexão, promovendo a diversidade e inclusão dos jovens periféricos. Ela apresentou os convidados e abriu o debate perguntando: “O que faz vocês questionarem o potencial de seus projetos?”.
Vinícius Martins, jornalista, sócio, cofundador e gerente da agência de audiovisual Alma Preta contou um pouco de sua trajetória e ressaltou que, para entender o projeto que faz jornalismo afrocentrado, “é preciso falar do Brasil”. O coletivo Alma Preta contextualiza e insere as causas e os pensamentos da negritude de um país que historicamente sofreu e sofre com o racismo. “Resolvemos lançar uma iniciativa para politizar as inquietações de cada um”, afirma.
Pensando na trajetória do Alma Preta, Vinícius enumerou pontos fundamentais a se levar em consideração na hora de começar um projeto jornalístico:
- Documentos são importantes: é preciso se entender enquanto empresa e se regularizar juridicamente.
- Planejamento estratégico: planejar e mapear seus passos e projetos.
- Diversificação de receitas: distribuir as formas de obtenção de recursos para não depender de uma só fonte e se proteger de mudanças inesperadas.
Ale Higareda, fundadora e diretora do meio digital mexicano Malvestida, um amplificador das mais diversas vozes sobre inclusão e igualdade de gênero, destacou que resiliência é o principal para se empreender no jornalismo. Para ela, “quando você empreende vive vários lutos do que poderia ter sido, mas com esses lutos se pode ver as coisas de outro ângulo”.
Com mais de uma década de experiência em publicações digitais e como palestrante e mentora para temas relacionados ao empreendedorismo, mídias sociais e igualdade de gênero, Ale incentivou os ouvintes a aceitarem suas falhas, deu exemplos dos erros que já cometeu e direcionou um conselho a todos que pensam em empreender no jornalismo e estão passando por dificuldades: “Todos os problemas mais difíceis que você achou que não pudessem ser superados, você já enfrentou e superou, por que nesse seria diferente?”.
Já Jordy Melendez, fundador da Factual, organização criadora de redes entre mídias e jornalistas da América Latina, lembrou que o mais importante é manter a saúde mental. Ele, que já ministrou workshops sobre inovação e modelos de negócios por alguns países da América Latina, falou sobre como foi seu início no jornalismo e alertou sobre a importância da mentalidade de negócios: “Um dos desafios mais importantes para lançar uma iniciativa é aprender sobre gestão e outras áreas para além do jornalismo”.
Jordy também listou conselhos para novas iniciativas digitais:
- Tentar se dar um tempo e entender que “menos é mais” quando se trata da linha editorial.
- É importante dialogar com a equipe e aprender a empreender.
- Identificar o valor do seu projeto. “Qual é o seu diferencial?”
- Se capacitar em coisas que sejam além da comunicação.
- Ser flexível e paciente, pois mudanças inesperadas acontecem.
Assista o encontro na íntegra:
*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i 2023 com as Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).