Mesa “Como sabemos se o nosso jornalismo importa?” reuniu profissionais com diferentes áreas de atuação para partilha de experiências
08/jun/2025
O jornalismo sempre foi uma ferramenta essencial na sociedade, servindo tanto para informar sobre o cotidiano quanto para denunciar realidades em diferentes comunidades. No último dia do Festival 3i 2025, a mesa “Como sabemos se o nosso jornalismo importa?”, realizada no auditório da ESPM-Rio, discutiu o impacto das reportagens nas comunidades e os limites entre o jornalismo como denúncia e o ativismo.
“Somos super transparentes. Qual a ferramenta de mudança? O jornalismo. Então o limite de mudança é o próprio jornalismo”, reflete Alejandro Valdez Sanabria, cofundador do El Surti, veículo de jornalismo visual paraguaio que fortalece comunidades ao tornar a informação acessível e promover o engajamento cívico.
Também participaram da discussão Mariana Dias, diretora de Comunicação e Impacto da Agência Pública, Jonatan Andres Rodriguez Gomes, líder de iniciativas sobre temas climáticos e ambientais no Pulitzer Center; e Soledad Zavala, encarregada da medição, análise e relatório de impacto da organização SembraMedia, que atua em diversos países do mundo e é responsável pelo Project Oasis.
Os desafios enfrentados atualmente pelo jornalismo para reconquistar a confiança da sociedade dificultam a produção e o planejamento estratégico da comunicação, segundo Dias. “A gente faz jornalismo para trazer para as pessoas informações que elas precisam, que vão ser úteis para elas, na vida delas, seja para fazer uma micro mudança de pensamento, seja para um político tomar a decisão de propor um novo projeto de lei e coibir uma coisa errada que vem acontecendo”.
Ao abordar como reportagens podem gerar impactos positivos nas comunidades, Sanabria relatou a atuação do El Surti na investigação de construções ilegais de postos de gasolina em Assunção, no Paraguai. A repercussão gerou um dilema típico do jornalismo independente, expresso por um dos leitores: “vocês nos deram a informação que faltava, agora cabe a nós tomar a ação”. Com base nesse conteúdo, moradores criaram panfletos a partir de um mapa físico produzido pelo veículo e formaram uma associação para combater a construção dos postos ilegais.
Jonatan Rodriguez explicou como a Teoria da Mudança é aplicada pelo Pulitzer Center na produção de reportagens, visando uma conexão com as comunidades, a influência nas percepções públicas, enfatizando a importância da confiança para uma comunicação eficaz e o impulso a mudanças sociais e legais. “A Teoria da Mudança é sobre entender os fluxos necessários para produzir um trabalho que realmente gere impacto. É medir se a história foi relevante para quem a leu, identificar quem são os envolvidos e fazer um mapeamento de interesses”.
Na busca de reconexão com as comunidades, Soledad Zavala ainda destacou que é necessário ir além da análise de dados e construir vínculos reais com o público. Ela reforçou que esse processo também fortalece o planejamento estratégico. “Começar a registrar o impacto me fez ficar mais segura para noções estratégicas para produzir e gerar negócios”, enfatizou.
Matéria produzida pela equipe do Portal de Jornalismo ESPM-Rio, em uma parceria com a Associação de Jornalismo Digital (Ajor).
Reportagem: Bebeto de Pinho
Supervisão: Guilherme Costa
Foto: Mirella Casanova