Por Cadu Guarieiro, Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA)
Seja para entreter ou informar, os podcasts ganharam força nos últimos tempos, fazendo parte da indústria repensar seus formatos de produção.
Aproximadamente 34 milhões de pessoas são ouvintes de podcasts no Brasil, de acordo com estimativas do Ibope, publicadas pela Agência Sebrae de Notícias (ASN) em janeiro de 2023, o que representa 8% da população do país.
Diante desta consolidação do formato, este tema não poderia estar fora do 3i. A mesa “Os caminhos para a produção de podcasts de excelência”, mediada por Tiago Rogero, criador e coordenador do Projeto Querino e gerente de criação na Rádio Novelo. A conversa contou ainda com a presença de Branca Vianna, Cristiano Botafogo e David Alandete.
Além de uma das fundadoras da Rádio Novelo, Branca Vianna é produtora, idealizadora e narradora de podcasts como Crime e Castigo, Maria vai com as outras, Praia dos ossos, e o semanal Rádio Novelo Apresenta.
Outro profissional presente na mesa foi o jornalista Cristiano Botafogo, que há quatro anos coroteiriza, edita, narra e produz o podcast Medo e Delírio em Brasília, junto a Pedro Daltro.
Também compôs o debate, o jornalista espanhol David Alandete, editor-chefe da Adonde Media, que trabalhou em produções como Uribe Acorralado Después de Ayotzinapa, a versão em espanhol do podcast Los Últimos Dias de Maradona, e outros projetos de podcast, entre eles o do aplicativo educacional de línguas Duolingo. Alandete também foi editor-chefe do El País, e cobriu a Casa Branca durante o governo de Donald Trump.
Tiago iniciou o debate falando sobre o mercado competitivo de programas de áudio no Brasil: “Quais são as estratégias para seguir garantindo essa fatia do bolo que vocês têm e, se possível, aumentá-la?”.
Para Branca, ainda que exista um aumento da oferta no país, não há uma competição no Brasil no sentido de concorrência, existindo ainda muito espaço disponível para o formato. “Eu sou da tese que a gente ainda não tá concorrendo um com o outro (…) eu acho que o que cada um de nós está fazendo é aumentar o número de ouvintes”, afirma.
Outro levantamento feito foi a respeito do financiamento dos projetos. Cada um dos palestrantes possui maneiras diferentes de incentivo financeiro. No caso de Cristiano, com o Medo e Delírio, o financiamento começou através de plataformas de colaboração dos ouvintes como o apoia.se, e vez ou outra através de publicidade. Ele acredita que a linguagem “desbocada” e o claro posicionamento político dificultam a relação com as marcas. No entanto, a equipe enxuta, formada apenas por ele e Pedro, facilitam as manobras de sustento pessoal e do projeto, apesar de demandar um trabalho muito mais árduo para ambos: “No último episódio que fiz, comecei às 6h da manhã, e terminei 1h. Foram 19 horas de trabalho, não recomendo”, conclui.
No caso de Branca e David, o aporte acontece por parte de clientes, como foi o caso do Duolingo, e até mesmo das plataformas, como a Apple e o Spotify. Branca salientou que ter clientes, como as plataformas, ainda que em alguns momentos seja limitante, é fundamental, pois são eles que financiam: “Cada cliente tem as suas peculiaridades, a gente tem que ir se adaptando. Cada um tem interesses diferentes e buscam diferentes tipos de propostas”.
David afirmou que, ainda que importantes os clientes, há a necessidade de compreender seus limites tendo em conta os requisitos estipulados para ocorrer o financiamento, procurando sempre aliar-se com marcas que permitam sua liberdade.
Outra fonte de receita que Branca afirmou ter como apoio, considerando os podcasts produzidos sobre questões de justiça social, são os Grants – um fundo concedido por uma entidade final.
Dada as diferentes plataformas de áudio existentes, e as que vêm surgindo, existe a necessidade por parte dos criadores de conteúdo de se adequarem. David pontuou a necessidade do entendimento do contexto de cada território para criação de um modelo de negócios aplicado a cada tipo de ouvinte, e exemplificou com casos como os Estados Unidos, em que a maioria das pessoas escutam podcasts por Alexas ou Apple Music, enquanto em países como Colômbia e México, os ouvintes optam pelo Youtube.
Assista ao encontro na íntegra:
*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i 2023 com as Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).
