Evento de jornalismo digital e inovador convidou 123 palestrantes do Brasil e do mundo para seus 10 dias de encontros virtuais
Realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor) entre os dias 15 e 25 de março, o Festival 3i 2022 alcançou a marca de 3.213 inscritos e 123 convidados. Além disso, durante os dez dias de evento gratuito, o canal do Festival no Youtube recebeu mais de 19 mil visualizações.
Pela primeira vez, o evento foi dividido em trilhas temáticas com o objetivo de organizar os conteúdos e trazer mais dinamicidade à programação: Democracia, Empreendedorismo, Diversidade, Meio Ambiente e Distribuição. Os encontros também foram divididos em formatos de Mesas, Diálogos e Painéis.
“Os resultados ultrapassaram nossas expectativas e mostraram que o 3i já é uma referência na discussão do jornalismo no país. A realização de um evento deste porte não seria possível sem o apoio das associadas da Ajor, que contribuíram na produção e na amplificação do evento, e de nossos patrocinadores”, afirma Maia Fortes, secretária executiva da Ajor.
A 3ª edição do Festival 3i foi patrocinada por Google News Initiative e Meta. As trilhas temáticas tiveram apoio da Climate and Land Use Alliance (CLUA), Fundação Tide Setubal e Luminate.
Já a programação foi construída e pensada por um Grupo de Trabalho formado por 21 organizações associadas à Ajor de todas as regiões do país e pela Secretaria Executiva da Associação, com apoio do Conselho Deliberativo e Executivo da entidade. Entre as Anfitriãs estavam: Aos Fatos, Maré de Notícias, Agência Mural, Projeto #Colabora, Revista AzMina, Marco Zero Conteúdo, Gênero e Número, ((o))eco, Nós, Mulheres da Periferia, Nexo Jornal, Ponte Jornalismo, Notícia Preta, Agência Eco Nordeste, Agência Envolverde,Énois, PerifaConnection, Agência Amazônia Real, Matinal Jornalismo, Núcleo Jornalismo, Regra dos terços e Revista Imprensa.
O foco na diversidade
As duas semanas do Festival foram marcadas pela pluralidade dos espaços propostos. Como uma pauta urgente e necessária ao jornalismo e à sociedade, a diversidade foi um dos temas das cinco trilhas, e contou com seis sessões na grade de programação. Além disso, toda a produção do evento foi guiada por esse princípio, seja na construção dos encontros, ou na produção dos conteúdos extras divulgados durante o evento.
Após o evento, a Ajor promoveu um censo para entender a pluralidade nessa seção. No total, 44% dos palestrantes responderam.
Mais de 60% da programação foi composta por mulheres, número que também representa o perfil atual do jornalismo no Brasil, de acordo com a Pesquisa “Perfil dos Jornalistas Brasileiros”, do Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro/UFSC) e da Rede de Estudos sobre Trabalho e Identidade Profissional dos Jornalistas (RETIJ/SBPJor), divulgada em 2021.
A Ajor também tem consciência da relevância de investir e engajar cada vez mais o debate sobre a inclusão de comunicadores e jornalistas de diversos grupos raciais nas redações e nos espaços de formação e de discussão, como é o caso do 3i. No recorte racial, 52% das pessoas se identificaram como negras ou indígenas – de acordo com a classificação definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o que significa que mais da metade do evento foi composta por pessoas não brancas.
Como uma Associação formada por mais de 80 iniciativas de jornalismo de todo o Brasil, também buscou-se entender a pluralidade geográfica do evento a partir da região de moradia dos convidados a compor a programação: 45% dos palestrantes foram de fora da região Sudeste. De maneira detalhada, o local de moradia se dividiu da seguinte forma: 21% do Nordeste, 7% do Norte, 5% do Sul, 5% de estrangeiros (que inclui brasileiros morando em outro país), 5% do Sul, 2% da região Centro-oeste e 55% do Sudeste.
Iniciativas de acessibilidade
Ao menos 45 milhões de pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência. Em um dos maiores festivais de jornalismo da América Latina, esse dado não poderia ser desconsiderado. Por isso, o 3i implantou em sua produção uma série de ações direcionadas à acessibilidade de pessoas cegas, com baixa visão, surdas ou com algum problema de surdez. Para isso, a organização contou com a consultoria da Eficientes, iniciativa associada especializada na produção de informação acessível e de qualidade para PCDs.
Todas as mesas, diálogos e painéis ao longo dos dez dias de evento contaram com intérpretes de Libras, Língua Brasileira de Sinais. Além disso, os convidados participaram de um treinamento sobre como adaptar suas apresentações e falas para um formato mais inclusivo e receberam orientações sobre como se auto-descrever antes de cada sessão.
De acordo com a pesquisa “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê”, conduzida pela Marco Zero Conteúdo e a Universidade Católica de Pernambuco, 71,7% dos jornalistas indicaram que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre técnicas de acessibilidade para deficientes visuais e que este grupo não é destinatário de pautas e reportagens em 90,6% dos conteúdos produzidos.
No site do Festival 3i também foram instaladas ferramentas de tradução por Libras para pessoas surdas e de adaptação visual dos conteúdos para pessoas com baixa visão, como a opção para o usuário aumentar o tamanho das letras ou mudar o contraste nas páginas da plataforma, por exemplo.
Antes do evento, também foi realizada a oficina “Acessibilidade na produção de conteúdo e eventos”, na qual os responsáveis pelo evento e os convidados tiveram acesso a dicas práticas de como deixar os encontros mais inclusivos. O encontro foi realizado com a ajuda de Larissa Pontes, cofundadora da Eficientes. A organização também disponibilizou um manual com as dicas.
“Sabemos que representatividade não pode ser uma palavra vazia e o antirracismo e o anticapacitismo, assim como o combate a LGBTfobia, devem estar presentes no dia a dia das organizações jornalísticas. O esforço para realizar um Festival cada vez mais diverso e consciente fez parte cotidiana dessa construção nos últimos meses e esperamos que seja uma inspiração para o presente e o futuro do jornalismo, também”, ressalta Maia Fortes, secretária executiva da Ajor.