Evento de jornalismo digital e inovador convidou 123 palestrantes do Brasil e do mundo para seus 10 dias de encontros virtuais.
abr 13, 2022
Evento de jornalismo digital e inovador convidou 123 palestrantes do Brasil e do mundo para seus 10 dias de encontros virtuais
Realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor) entre os dias 15 e 25 de março, o Festival 3i 2022 alcançou a marca de 3.213 inscritos e 123 convidados. Além disso, durante os dez dias de evento gratuito, o canal do Festival no Youtube recebeu mais de 19 mil visualizações.
Pela primeira vez, o evento foi dividido em trilhas temáticas com o objetivo de organizar os conteúdos e trazer mais dinamicidade à programação: Democracia, Empreendedorismo, Diversidade, Meio Ambiente e Distribuição. Os encontros também foram divididos em formatos de Mesas, Diálogos e Painéis.
“Os resultados ultrapassaram nossas expectativas e mostraram que o 3i já é uma referência na discussão do jornalismo no país. A realização de um evento deste porte não seria possível sem o apoio das associadas da Ajor, que contribuíram na produção e na amplificação do evento, e de nossos patrocinadores”, afirma Maia Fortes, secretária executiva da Ajor.
A 3ª edição do Festival 3i foi patrocinada por Google News Initiative e Meta. As trilhas temáticas tiveram apoio da Climate and Land Use Alliance (CLUA), Fundação Tide Setubal e Luminate.
Já a programação foi construída e pensada por um Grupo de Trabalho formado por 21 organizações associadas à Ajor de todas as regiões do país e pela Secretaria Executiva da Associação, com apoio do Conselho Deliberativo e Executivo da entidade. Entre as Anfitriãs estavam: Aos Fatos, Maré de Notícias, Agência Mural, Projeto #Colabora, Revista AzMina, Marco Zero Conteúdo, Gênero e Número, ((o))eco, Nós, Mulheres da Periferia, Nexo Jornal, Ponte Jornalismo, Notícia Preta, Agência Eco Nordeste, Agência Envolverde,Énois, PerifaConnection, Agência Amazônia Real, Matinal Jornalismo, Núcleo Jornalismo, Regra dos terços e Revista Imprensa.
As duas semanas do Festival foram marcadas pela pluralidade dos espaços propostos. Como uma pauta urgente e necessária ao jornalismo e à sociedade, a diversidade foi um dos temas das cinco trilhas, e contou com seis sessões na grade de programação. Além disso, toda a produção do evento foi guiada por esse princípio, seja na construção dos encontros, ou na produção dos conteúdos extras divulgados durante o evento.
Após o evento, a Ajor promoveu um censo para entender a pluralidade nessa seção. No total, 44% dos palestrantes responderam.
Mais de 60% da programação foi composta por mulheres, número que também representa o perfil atual do jornalismo no Brasil, de acordo com a Pesquisa “Perfil dos Jornalistas Brasileiros”, do Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro/UFSC) e da Rede de Estudos sobre Trabalho e Identidade Profissional dos Jornalistas (RETIJ/SBPJor), divulgada em 2021.
A Ajor também tem consciência da relevância de investir e engajar cada vez mais o debate sobre a inclusão de comunicadores e jornalistas de diversos grupos raciais nas redações e nos espaços de formação e de discussão, como é o caso do 3i. No recorte racial, 52% das pessoas se identificaram como negras ou indígenas – de acordo com a classificação definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o que significa que mais da metade do evento foi composta por pessoas não brancas.
Como uma Associação formada por mais de 80 iniciativas de jornalismo de todo o Brasil, também buscou-se entender a pluralidade geográfica do evento a partir da região de moradia dos convidados a compor a programação: 45% dos palestrantes foram de fora da região Sudeste. De maneira detalhada, o local de moradia se dividiu da seguinte forma: 21% do Nordeste, 7% do Norte, 5% do Sul, 5% de estrangeiros (que inclui brasileiros morando em outro país), 5% do Sul, 2% da região Centro-oeste e 55% do Sudeste.
Ao menos 45 milhões de pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência. Em um dos maiores festivais de jornalismo da América Latina, esse dado não poderia ser desconsiderado. Por isso, o 3i implantou em sua produção uma série de ações direcionadas à acessibilidade de pessoas cegas, com baixa visão, surdas ou com algum problema de surdez. Para isso, a organização contou com a consultoria da Eficientes, iniciativa associada especializada na produção de informação acessível e de qualidade para PCDs.
Todas as mesas, diálogos e painéis ao longo dos dez dias de evento contaram com intérpretes de Libras, Língua Brasileira de Sinais. Além disso, os convidados participaram de um treinamento sobre como adaptar suas apresentações e falas para um formato mais inclusivo e receberam orientações sobre como se auto-descrever antes de cada sessão.
De acordo com a pesquisa “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê”, conduzida pela Marco Zero Conteúdo e a Universidade Católica de Pernambuco, 71,7% dos jornalistas indicaram que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre técnicas de acessibilidade para deficientes visuais e que este grupo não é destinatário de pautas e reportagens em 90,6% dos conteúdos produzidos.
No site do Festival 3i também foram instaladas ferramentas de tradução por Libras para pessoas surdas e de adaptação visual dos conteúdos para pessoas com baixa visão, como a opção para o usuário aumentar o tamanho das letras ou mudar o contraste nas páginas da plataforma, por exemplo.
Antes do evento, também foi realizada a oficina “Acessibilidade na produção de conteúdo e eventos”, na qual os responsáveis pelo evento e os convidados tiveram acesso a dicas práticas de como deixar os encontros mais inclusivos. O encontro foi realizado com a ajuda de Larissa Pontes, cofundadora da Eficientes. A organização também disponibilizou um manual com as dicas.
“Sabemos que representatividade não pode ser uma palavra vazia e o antirracismo e o anticapacitismo, assim como o combate a LGBTfobia, devem estar presentes no dia a dia das organizações jornalísticas. O esforço para realizar um Festival cada vez mais diverso e consciente fez parte cotidiana dessa construção nos últimos meses e esperamos que seja uma inspiração para o presente e o futuro do jornalismo, também”, ressalta Maia Fortes, secretária executiva da Ajor.